✅ A justa causa pode ser aplicada sem advertências prévias; depende da gravidade da falta cometida pelo empregado.
Não existe um número fixo de advertências necessárias antes de aplicar a justa causa ao empregado, pois cada caso deve ser analisado individualmente conforme a gravidade da falta cometida. A legislação trabalhista brasileira prevê que a justa causa só deve ser aplicada diante de uma falta grave, que torne insustentável a manutenção do vínculo empregatício, e não necessariamente após múltiplas advertências.
Iremos detalhar os princípios que regem a aplicação da justa causa, explicando como o processo disciplinar deve ser conduzido, quando as advertências são recomendadas e quais são os tipos de faltas graves previstas na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Além disso, apresentaremos exemplos práticos e orientações sobre a documentação correta para evitar passivos trabalhistas, garantindo que o empregador aja dentro da legalidade.
O que diz a legislação sobre Advertências e Justa Causa
A CLT não determina um número mínimo ou máximo de advertências para que a justa causa seja aplicada. O artigo 482 da CLT lista as hipóteses que justificam a rescisão por justa causa, como:
- Insubordinação ou indisciplina;
- Mau procedimento;
- Negociação habitual sem permissão do empregador;
- Negligência no desempenho das funções;
- Embriaguez habitual ou em serviço;
- Abandono de emprego;
- Entre outras faltas graves.
Assim, a justa causa pode ser aplicada mesmo após uma única falta grave, não havendo necessidade de múltiplas advertências. Entretanto, na prática, costuma-se aplicar advertências para faltas leves ou médias, tentando corrigir o comportamento antes de chegar à medida extrema da justa causa.
Advertências: finalidade e tipos
As advertências têm como principal objetivo o caráter educativo, alertando o empregado sobre a conduta inadequada para que a mesma seja corrigida. Elas podem ser emitidas de forma:
- Oral – geralmente para infrações leves;
- Escrita – usada para formalizar a comunicação ao empregado e para registro documental;
- Repetitivas – quando o comportamento inadequado persiste após advertências anteriores.
Quando as advertências influenciam na decisão da justa causa?
Embora não haja quantidade mínima exigida, as advertências são importantes para comprovar que o empregador deu chance ao empregado de corrigir seu comportamento. Na ausência de advertências, a justa causa pode ser questionada judicialmente por falta de proporcionalidade ou por ausência de chance de defesa.
Por isso, caso a falta não seja gravíssima, recomenda-se seguir um processo disciplinar que inclua:
- Registro da infração;
- Advertência formal (oral ou escrita);
- Suspensão disciplinar, se necessário;
- Apenas então, a aplicação da justa causa, se o comportamento persistir.
Esse procedimento é conhecido como progressividade das penalidades e ajuda a demonstrar a boa-fé do empregador.
Resumo prático para empregadores
- Faltas leves/médias: aplicar advertências, dando chance de correção;
- Faltas graves: possível justa causa imediata, sem necessidade de advertências;
- Documentação: manter registro das advertências e comunicações formais;
- Processo justo: garantir direito de defesa ao empregado;
- Atenção jurídica: buscar orientação para casos duvidosos.
Critérios Legais e Situações Específicas que Permitem Justa Causa
Para que uma demissão por justa causa seja válida, é fundamental que o empregador siga os critérios legais estabelecidos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). A justa causa ocorre quando o empregado comete uma falta grave que torna insustentável a continuidade do vínculo empregatício. Não basta apenas a insatisfação; é necessário que exista uma violação clara e comprovada do contrato de trabalho.
Fundamentos Jurídicos para a Justa Causa
A legislação brasileira enumera as principais situações que autorizam a justa causa, previstas no artigo 482 da CLT. São exemplos clássicos:
- Insubordinação ou indisciplina: recusas reiteradas e injustificadas de cumprir ordens legítimas.
- Negligência: descuido frequente que compromete o desempenho das tarefas.
- Embriaguez habitual ou em serviço: consumo de álcool ou drogas que afete a capacidade laboral.
- Abandono de emprego: ausência injustificada por mais de 30 dias consecutivos.
- Ato de improbidade: fraude, furto ou qualquer comportamento desonesto contra o empregador.
- Ofensas físicas: agressão a colegas ou superiores, salvo em legítima defesa.
Importância do Processo Administrativo e da Proporcionalidade
Antes de aplicar a justa causa, é recomendável que o empregador realize um processo administrativo interno para apurar os fatos. A ausência de advertências ou de tentativa de correção pode tornar a demissão passível de revisão na Justiça do Trabalho. Além disso, o princípio da proporcionalidade deve ser observado — faltas menos graves, como atrasos ou pequenos descuidos, geralmente não justificam uma medida tão severa como a justa causa.
Exemplos Concretos e Estudos de Caso
Para ilustrar, veja dois casos reais:
- Caso de furto dentro da empresa: um funcionário foi flagrado subtraindo materiais do estoque. Após a confirmação dos fatos, a empresa aplicou a justa causa, que foi mantida pela Justiça do Trabalho devido à gravidade da conduta.
- Reclamação por atrasos constantes: um colaborador acumulava atrasos frequentes, mas nunca recebeu advertências formais. Quando demitido por justa causa, a decisão foi revertida, pois o juiz entendeu que não houve chance para correção do comportamento.
Tabela Comparativa: Advertência x Justa Causa
Aspecto | Advertência | Justa Causa |
---|---|---|
Finalidade | Corrigir comportamento inadequado | Encerrar o contrato devido a falta grave |
Gravidade da Falta | Leve a moderada | Grave e comprovada |
Procedimento | Oral ou escrita, com registro | Deve ser formal, com documentação robusta |
Possibilidade de Reversão | Baixa | Alta se não comprovada corretamente |
Benefícios ao empregado | Mantidos integralmente | Perdidos ou reduzidos |
Recomendações Práticas para o Empregador
- Documente todas as infrações: mantenha registros claros e objetivos, inclusive com testemunhas, quando possível.
- Implemente um sistema de advertências: informe o empregado formalmente antes de partir para medidas mais severas.
- Consulte o departamento jurídico: para assegurar que os procedimentos estejam alinhados com a legislação vigente.
- Evite decisões impulsivas: apure os fatos com calma e o devido rigor, garantindo o direito à defesa.
Seguindo esses critérios, as chances de contestação judicial da justa causa diminuem significativamente, protegendo tanto a empresa quanto o empregado.
Perguntas Frequentes
Quantas advertências um empregador deve dar antes de demitir por justa causa?
Não existe número mínimo legal, mas recomenda-se múltiplas advertências para comprovar a tentativa de correção.
As advertências precisam ser por escrito para terem validade?
Sim, é fundamental que sejam documentadas para servir como prova em caso de disputa trabalhista.
Quais são os tipos de advertência que podem ser aplicados?
Advertência verbal, advertência escrita e suspensão são comuns antes da demissão por justa causa.
É possível dispensar por justa causa sem aviso ou advertência prévia?
Sim, em casos de falta grave onde a conduta justifique, a advertência pode ser dispensada.
O que caracteriza uma falta grave para justa causa?
Atos como fraude, insubordinação, abandono de emprego e agressão podem justificar a justa causa.
Qual o impacto das advertências na demissão por justa causa?
As advertências mostram a tentativa do empregador de corrigir o comportamento, fortalecendo a justa causa.
Pontos-chave sobre Advertências e Justa Causa
- Não há legislação que fixe um número mínimo de advertências antes da justa causa.
- É essencial registrar todas as advertências por escrito para garantir validade jurídica.
- A advertência verbal pode ser o primeiro passo, mas a escrita tem peso probatório maior.
- Em faltas graves, o empregador pode dispensar advertências e aplicar justa causa imediatamente.
- Advertências devem ser claras, específicas e entregues formalmente ao empregado.
- Uma sequência de advertências evidencia o esforço para corrigir a conduta inadequada.
- Faltas que costumam levar à justa causa incluem desídia, insubordinação e violação de normas.
- Documentar o processo evita fraudes e facilita a defesa em possíveis ações judiciais.
- Empregadores devem seguir o princípio da razoabilidade e proporcionalidade na aplicação das advertências.
- O empregado tem direito de se manifestar sobre as advertências recebidas.
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